Breves Parágrafos

Penso. Não por pensar apenas, pois seria fuga. Penso por fulgor, vagar. Penso por crepitar, pestanejar. Penso por acreditar que ao pensar eu mudo. E me mudo, mudo o mundo. Penso pois transformo. Penso pois me movimento. Penso, pois em um bom momento, tudo o que penso pulsa. E ao pulsar, a mão inefável do silenciar me possui. Penso mudo. Penso o mundo. Pensamento.

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E do amor? Ah, o amor glorifica! Não pela incapacidade, mas pela transitividade. Amar sozinho é impossível. Amar é coletivo. Amar um é amar todos. O amor é um só, é transmitido. Amor é onda, não de mar, que destrói. Amor é onda de rádio, que perpassa todas as direções. Mas, como o rádio, o amor precisa ser sintonizado para ser ouvido. Ele está ali o tempo todo, mas para aqueles que não o ouvem, o amor é apenas um chiado insistentemente chato. Porém os outros, os que amam, para eles o amor é uma melodia. É uma bachiana, em compassos abertos e livres. Amor é assim, superlativo. Mesmo sendo intransitivo.

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Mas então, Césio? Porquê brilhas? Não sabes que não carrego pilhas? Brilhas porque és morte e, sendo morte, levas e trazes ao mesmo tempo o perdão e o sofrimento. Mas brilhas. E por brilhares, trilhas em torno de ti as estrelas. Trazes dentro de ti o brilho da noite. Mas estás tão próximo que eu, lírico, falo contigo em segunda pessoa, mesmo estando a tocar-te. És lua cheia.

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Falo-te

Não te cales

Vejas como nos olhos

Que baixo sobre os teus

Suspiro.

Vejo

Pelas cadeias

De equações inconsistentes:

Decifro-te, devoro-te.

Possuo a chave obscura

Seleta, que traz-te nua

Impávida

Livre.

Toco-te com os dedos

Lambo-te os seios

Lavo com meus beijos

A pele, a língua, a vulva

Os duros mamilos.

Vacilo.

Não por medo:

Respeito.

Vacilo para encantar-te

E no encanto, uma vez mais

Tocar-te

E no toque macio

Envolver-te

E no envolvimento

Levar-te

Para dançar

Nas estrelas

Para destruir

Planetas

Para caçar

Cometas

Para colecionar

Borboletas.

Possuo o encanto

E uso-o

Com sabedoria.

Pulso no mesmo ritmo

Do clitoris

E bato o coração

Anuviadamente.

Bebo teu suco

Ofereço-te

Meu sêmen

E no banquete atroz

Que lhe preparo

Possuo-te uma noite inteira

Para que todas as outras noites

Sejam

Apenas

Sombras

Enquanto

Espero

Experimentar

Suas

Delicadezas.